Doutoramento Saramago

Durante a cerimónia, hoje, em alguns momentos, digamos a comoção foi… passou além das marcas que a boa educação ou o respeito que cada um de nós deve ter por si próprio, mas não me envergonho. Mas entre isso, entre as razões que levaram a essa comoção foi que, por várias vezes, ou melhor, durante ela eu tive a consciência de que era a primeira universidade portuguesa, a primeira universidade do meu país, que me distinguia desta maneira. Conforme eu disse aqui há um mês, ou pouco mais de um mês, em Lavre que foi o livro que abriu caminho para chegar ao prémio Nobel, com o Levantado do Chão, porque foi com esse livro que eu encontrei o meu modo pessoal, próprio de comunicar com os leitores, Évora está no Alentejo e o Alentejo tem esta presença e esta força, eu não nasci aqui, sou ribatejano, mas, enfim, para mim, acima do Tejo ou a Norte do Tejo é o mesmo. E portanto, pode imaginar o quanto me sensibilizou e contribuiu muito para uma certa impossibilidade de dominar, ou de vigiar a minha própria emoção, o facto de ter sido a universidade de Évora a distinguir-me com esta honra.